quarta-feira, 21 de maio de 2014

AS CIVILIZAÇÕES PRÉ-COLOMBIANAS (Resumo)



Quando Colombo chegou à América, em 1492, encontrou o continente habitado há muito tempo por várias civilizações e povos. Os povos pré-colombianos apresentavam diferentes estágios de desenvolvimento cultural e material, classificados em: sociedades de coletores/caçadores e sociedades agrárias. Dentro desse segundo grupo, três culturas merecem maior destaque: os maias e os astecas, no México e América Central, e os incas na Cordilheira dos Andes, na América do Sul. Alcançaram notáveis conhecimentos de astronomia e matemática, além de dominar técnicas complexas de construção, metalurgia e cerâmica. Não conheciam a roda e o cavalo, mas desenvolveram técnicas eficientes de agricultura. Enquanto o fim da cultura maia é até hoje um mistério, sabemos que os povos astecas e incas decaíram perante à conquista espanhola.

OS MAIAS

O território maia



A península do Yucatán foi o centro da cultura maia, a mais desenvolvida da América Central. Os diversos grupos étnicos que formaram o povo maia chegaram à América Central em 1500 a.C., vindos do norte, talvez procedentes do nordeste da Ásia, pelo estreito de Bering. A civilização maia estendeu-se até os atuais territórios de Belize, os planaltos da Guatemala e Honduras e parte dos estados mexicanos de Chiapas e Tabasco. Acredita-se que, no fim do século XV e início do XVI, as lutas internas entre as várias cidades maias provocaram sua rápida decadência.

As cidades maias



A civilização maia organizou-se como uma federação de cidades-estado e atingiu seu apogeu no século IV. Nesta época, começou a expansão maia, a partir das cidades de Uaxactún e Tikal. Os maias fundaram Palenque, Piedras Negras e Copán. Entre os séculos X e XII, destacou-se a Liga de Mayapán, formada pela aliança entre as cidades de Chichén Itzá, Uxmal e Mayapán. Esta tripla aliança constituiu um império, que teve sob o seu domínio outras doze cidades. O conjunto da cidade era considerado um templo. Os edifícios eram construídos com grandes blocos de pedra adornados com esculturas e altos-relevos, como os de Uaxactún e Copán.

Os ritos



Só podiam subir aos templos os sacerdotes, que formavam a classe mais culta. Os maias acreditavam descender de um totem e eram politeístas. A influência dos toltecas introduziu certas práticas cerimoniais sangrentas, pouco antes da decadência dos maias. Adoravam a natureza, em particular os animais, as plantas e as pedras. Cuidavam de seus mortos, colocando-os em urnas de cerâmica.

O calendário maia e a escrita



Os avançados conhecimentos que os maias possuíam sobre astronomia (eclipses solares e movimentos dos planetas) e matemática lhes permitiram criar um calendário cíclico de notável precisão. Na realidade, são dois calendários sobrepostos: o tzolkin, de 260 dias, e o haab de 365. O haab era dividido em dezoito meses de vinte dias, mais cinco dias livres.  Para datar os acontecimentos utilizavam a "conta curta", de 256 anos, ou então a "conta longa" que principiava no início da era maia. Além disso, determinaram com notável exatidão o ano lunar, a trajetória de Vênus e o ano solar (365,242 dias). Inventaram um sistema de numeração com base 20 e tinham noção do número zero, ao qual atribuíram um símbolo. Os maias utilizavam uma escrita hieroglífica que ainda não foi totalmente decifrada.

A arte



A arte maia expressa-se, sobretudo, na arquitetura e na escultura. Suas monumentais construções — como a torre de Palenque, o observatório astronômico de El Caracol ou os palácios e pirâmides de Chichén Itzá, Palenque, Copán e Quiriguá — eram adornadas com elegantes esculturas, estuques e relevos. Podemos contemplar sua pintura nos grandes murais coloridos dos palácios. Utilizavam várias cores. As cenas tinham motivos religiosos ou históricos. Destacam-se os afrescos de Bonampak e Chichén Itzá. Também realizavam representações teatrais em que participavam homens e mulheres com máscaras, representando animais.


OS ASTECAS

O território asteca



A cultura asteca estendia-se pelo vale do México, o litoral do Golfo do México e do Pacífico, a península de Tehuantec e parte da Guatemala. Os astecas são herdeiros da cultura tolteca. Segundo a história, reconstruída a partir dos códices que foram encontrados, sete tribos astecas procedentes do nordeste do México estabeleceram-se em Coatepec e perto do lago Pátzcuaro. No século XII, dirigiram-se até o vale do México. Em sua fuga pelo lago Texcoco, depois de um enfrentamento de tribos, viram, numa ilha, uma águia comendo uma serpente. Foi esse o lugar que escolheram para fundar, em 1325, a sua capital: Tenochtitlán, a atual cidade do México.

A agricultura da América



Se podemos associar a civilização européia ao cultivo do trigo e a oriental ao cultivo de arroz, a civilização americana era vinculada ao cultivo do milho. O milho (ou choclo) constituía o alimento básico da população. No vale mexicano, também se plantavam tomates, vagens, algodão, feijão, melão, pimenta, pimentão, baunilha, abacate, amendoim e tabaco. O cacau era por vezes utilizado como moeda. A batata é originária de zonas temperadas; a expansão do seu cultivo se deve aos incas. Os povos da Mesoamérica construíram canais para a irrigação, porém desconheciam o arado e a roda.

O Império Asteca



Os astecas pagavam tributos à tribo tepaneca de Atzcapotzalco. Em 1440, a agressividade dessa tribo causou o surgimento de uma tríplice aliança entre as cidades de Tenochtitlán, Texcoco e Tlacopán, que derrotou os tepanecas e iniciou sua expansão territorial pela zona ocidental do vale do México. Sob o reinado de Montezuma I, o Velho, os astecas tornaram-se um povo temido e vitorioso, ampliando seus domínios em mais de 200 quilômetros. Axayácatl, o sucessor de Montezuma, em 1469, conquistou a cidade de Tlatetolco e o vale de Toluca. O Império ampliou seus limites ao máximo sob o reinado de Ahuízotl, que impôs sua soberania sobre Tehuantepec, Oaxaca e parte da Guatemala. Em 1519, sob o reinado de Montezuma II, houve o primeiro encontro com os conquistadores espanhóis.

Os nobres

A sociedade asteca era rigidamente dividida. O grupo social dos pipiltin (nobreza) era formada pela família real, sacerdotes, chefes de grupos guerreiros — como os Jaguares e as Águias — e chefes dos calpulli. Podiam participar também alguns plebeus (macehualtin) que tivessem realizado algum ato extraordinário. Tomar chocolate quente era um privilégio da nobreza. O resto da população era constituída de lavradores e artesãos. Havia, também, escravos (tlacotin).

 A religião




A religião asteca era politeísta, embora tivesse poucos deuses. Os principais eram vinculados ao ciclo solar e à atividade agrícola. O deus mais venerado era Quetzalcóatl, a serpente emplumada, criador do homem, protetor da vida e da fertilidade. Os sacerdotes eram um poderoso grupo social, encarregado de orientar a educação dos nobres, fazer previsões e dirigir as cerimônias rituais. A religiosidade asteca incluía a prática de sacrifícios. O derramamento de sangue e a oferenda do coração de animais ou de seres humanos eram ritos imprescindíveis para satisfazer os deuses.



O IMPÉRIO INCA

     O território inca



O Império Inca teve origem nas planícies andinas do Peru. No século XVI, estendeu-se até o antigo reino de Quito e grande parte da atual Bolívia e Chile. O Peru era habitado por tribos aimaras, quíchuas e yuncas. A partir do século XI, os incas, de língua quíchua, começaram a dominar as demais tribos e, no século XIII, construíram um grande império. A lenda atribui sua fundação a Manco Capa e a Mama-Ocilo, sua irmã e esposa. A dinastia inca impôs uma severa organização hierárquica. Sua capital ficava em Cuzco, no Peru.

As fortalezas incas



Os edifícios incas se caracterizam pela monumentalidade e sobriedade. Suas cidades eram verdadeiras fortalezas, construídas com grandes muralhas de pedra. Os incas eram mestres em cortar e unir grandes blocos de pedra; a cidade-fortaleza de Machu Picchu é o exemplo mais espetacular dessa arte. Machu Picchu foi descoberta em 1911, no topo de uma montanha de 2.400 m de altura, numa região inacessível da cordilheira dos Andes. Outras construções incas importantes ficam em Cuzco e Pisac. Cuzco, a capital do Império, tem uma rígida planificação urbana em forma quadriculada.

Formas de vida

A organização social inca era muito hierarquizada. No topo estava o Inca (filho do Sol), que era o imperador; depois a alta aristocracia, à qual pertenciam os sacerdotes, burocratas e os curacas (cobradores de impostos, chefes locais, juízes e comandantes militares); camadas médias, artesãos e demais militares; e finalmente camponeses e escravos. Os camponeses eram recrutados para lutar no exército, realizar as tarefas da colheita ou trabalhar na construção das cidades, segundo a vontade do Inca. A família patriarcal era a base da sociedade, mas até os casamentos dependiam da autoridade máxima. O sistema penal era rígido e o sistema político extremamente despótico.

O trabalho agrícola



A terra era propriedade do Inca (imperador) e repartida entre seus súditos. As terras reservadas ao Inca e aos sacerdotes eram cultivadas pelos camponeses, que recebiam também terras suficientes para subsistir. A agricultura era a base da economia inca; a ela se dedicavam os habitantes plebeus das aldeias. Baseava-se no cultivo de um cereal, o milho, e um tubérculo, a batata. As técnicas agrícolas eram rudimentares, já que desconheciam o arado. Para semear utilizavam um bastão pontiagudo. Os campos eram irrigados por meio de um sistema formado por diques, canais e aquedutos. Utilizava-se como adubo o guano, esterco produzido pelas aves marinhas. Possuíam rebanhos imensos de lhamas e vicunhas, que lhes forneciam lã.

Cultura e religião


O idioma quíchua serviu de instrumento unificador do império inca. Como não tinham escrita, a cultura era transmitida oralmente. Com um conjunto de nós e barbantes coloridos, chamados quipós, os incas desenvolveram um engenhoso sistema de contabilidade. Na matemática, utilizavam o sistema numérico decimal. Os artesãos eram peritos no trabalho com o ouro. Mesmo sem conhecer o torno, alcançaram um bom domínio da cerâmica. Seus vasos tinham complicadas formas geométricas e de animais, ou uma combinação de ambas. A religião inca era uma mistura de culto à natureza (Sol, Terra, Lua, mar e montanhas) e crenças mágicas. Os maiores templos eram dedicados ao Sol (Inti). Realizavam sacrifícios de animais e de humanos.


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